25 de agosto de 2009

São Paulo tem pressa

São paulo, 8 horas e 30 minutos, uma manhã cinzenta e gelada. Garoava. Sentei em um café, de frente para a calçada da Avenida Paulista. Comprei dois pães de queijo e um suco de laranja. Eu teria um compromisso dali 2 horas, precisava matar tempo. Sem ter o que fazer, decidi observar aquelas pessoas que iam e vinham a minha volta.

O tempo urge. As pessoas passam correndo, em todas as direções. São mulheres, homens, crianças, adolescentes, brancos, pardos, negros e amarelos, cristãos, judeus, evangélicos, são heterossexuais ou homossexuais, são casais, são trios ou grupos. Pessoas bem vestidas, executivos, de terno e gravata, estudantes com calça jeans e All Star, jornalistas fazendo seu boletim sobre o tráfego, office-boys correndo para não pegar fila nos bancos, gente mal vestida, gente pedindo esmola. Não importa. Todos passam com pressa, num empurra-empurra constante, todos querendo chegar a seu destino final, não importa quem tenha que atropelar.

Na mesa ao meu lado, estavam sentados um rapaz e uma moça, de uns 20 e poucos anos, tomando um café. Quando olhei novamente, um outro rapaz se aproximou: "Nossa quanto tempo!! Que bom encontrar vocês!!", sentou-se ali e ficaram jogando conversa fora. Pensei: "Seria mesmo possível, pessoas se encontrarem ao acaso, em plena quinta-feira, 8 e pouco da manhã, no meio da Avenida Paulista?". Em São Paulo, aparentemente, isto era possível.

Simultaneamente a este encontro, um casal e seu filho, passaram ao meu lado. O menino chorava dizendo que queria tomar uma Coca-Cola, os pais o reprimiam, diziam que estavam atrasados para o trabalho. O filho fazia birra, se jogava no chão, mas continou recebendo uma chuva de nãos e o vi sendo arrastado escada do metrô abaixo.

Paralelamente a estes eventos, duas mulheres passaram abraçadas, conversando e dando risada. Completamente apaixonadas. E sumiam ali no meio da multidão, que parecia nem notar, nem elas e nem a felicidade contagiante que estavam transmitindo ao lugar.

Nada parecia afetar a rotina daquelas pessoas.

Ao meu redor, lojistas abriam suas lojas, limpavam os vidros das vitrines, colocavam produtos para fora. Uma exposição de fotografias sobre São Paulo já estava aberta, e havia algumas pessoas admirando o trabalho de tal profissional.

As pessoas paravam, tomavam um café, conversavam um pouco com o desconhecido que estivesse ao seu lado e a partir do momento que saiam de volta a rua, pegavam seu celular e já apressavam o passo. Ninguém anda devagar, ninguém aprecia a bela paisagem formada por aqueles prédios ostentosos da gigante avenida de São Paulo. Ninguém olha para o lado, ajuda o próximo, não reconhece a face de ninguém. É como naqueles filmes quando tudo ao nosso redor fica borrado. É como se estivessemos andando sozinhos em um mar de gente, literalmente.