14 de maio de 2009

Budapeste: um filme que vale a pena assistir

Na última segunda feira, 11 de maio, aconteceu a pré-estréia paulistana do filme Budapeste. O filme é baseado no livro homônimo de Chico Buarque com direção de Walter Carvalho, mesmo diretor do longa Carandiru. A idéia de adaptar a obra para o cinema, a produção e o roteiro é de Rita Buzzar, responsável pelo roteiro e produção de Olga.

No evento, que aconteceu no Kinoplex do Shopping Cidade Jardim, estavam os atores principais do filme, Giovana Antonelli (Vanda), Leonardo Medeiros (o protagonista José Costa) e a atriz húngara Gabriella Hámori (Kriska).

Eu já havia lido o livro quando prestei vestibular para a Faculdade Cásper Líbero em 2006. Com uma linguagem muito culta e descritiva, fiquei encantada com o livro. Uma história envolvente, complexa e que trata de questões pessoais de relacionamento, frustrações. José Costa é o nome do protagonista, ele é um ghost-writter casado com Vanda, uma jornalista. Vivem uma vida de classe média e passam por problemas no casamento, como qualquer típico casal de classe média.

Para entender a história deve-se saber que ghost-writter é um tipo de escritor que não assina aos livros. Exemplifico. Uma pessoa tem uma história e quer escrever um livro, mas sabe como fazer, então ele procura um ghost-writter que escreve o livro baseado nos relatos da outra pessoa. Porém a autoria não é dada a quem escreve, mas sim a quem teve a idéia.

E esta é a grande frustração de José Costa. Todos os livros que ele escreve fazem muito sucesso, mas esse reconhecimento nunca é dado a ele e sim ao relator da história. E esse anonimato começa a incomodá-lo, especialmente pelas cobranças de sua esposa Vanda, que diz jamais ver algum fruto do trabalho de seu marido.

A drama da história acontece quando, voltando de um congresso de ghost-writters, José Costa é obrigado a fazer uma parada forçada em Budapeste. Lá, ele fica intrigado com a língua, que como dizem "é a única língua que o diabo ainda respeita". Ele conhece Kriska, uma húngara, que vai ensinar o húngaro para ele. Costa acaba se envolvendo amorosamente com Kriska, criando um triângulo amoroso entre ele, sua esposa e a sua nova paixão.

Devo fazer uma confissão. Não sou muito fã de adaptações de livros para o cinema, os livros geralmente são muito mais interessantes. Porém, neste caso, tiro o chapéu para o filme todo. A fotografia, o cenário, a trilha sonora foram devidamente escolhidos, produzidos e tornam tudo muito mais envolvente. Toda a produção foge do estilo hollywoodiano, as cenas são filmadas sob ângulos diferentes, instigantes. É nítido como cada detalhe foi pensado minuciosamente.

Chico Buarque, o autor do livro, faz uma pequena aparição no filme. Há discordâncias, mas em minha opinião, sua pequena aparição e a única frase, em húngaro, que ele diz no filme, é essencial para entender a trama, os conflitos e o final da história. Se fosse outro ator, creio que o efeito desejado não teria sido atingido.

Sem mais, é um filme diferenciado que te faz refletir e que não pode deixar de ser visto. É mais uma prova de que a indústria brasileira de cinema vem produzindo obras de arte de altíssima qualidade.

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